quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Educação ambiental com metodologias ativas, e produção textual com crianças. (Texto publicado originalmente no akairoscurso.blogspot.com)

(Texto publicado originalmente no akairoscurso.blogspot.com)

 Por: Fabiano Cabral de Lima.

Professor, Historiador e Mestre em Educação pela UFRJ.

Professor no Akairos Preparatório.


No ano de 2017 foi trabalhado com as turmas do AKairos Preparatório um material didático digital, desenvolvido por estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro que aborda a História Local e a História Ambiental.

O Complexo de Favelas das Maré é localizado próximo ao Canal do Cunha, e o Canal da Maré, que são trechos assoreados da Baía de Guanabara como observamos no mapa a seguir.


Imagem 1. Mapa do Complexo de Favelas da Maré e a sua localização próxima aos canais da Maré e do Cunha
Fonte: SELDIN, CLÁUDIA; CANEDO, JULIANA . Housing in -Intramural Favelas-: Considerations on New Forms of Urban Expansion in Contemporary Times. CIDADES, COMUNIDADES E TERRITÓRIOS, v. -, p. 16-32, 2018.


O processo de aterramento da Ilha do Fundão, atual cidade Universitária da UFRJ desde os anos 1920 uniu um conjunto de ilhas na localização, fazendo os canais ficarem assoreados, o que dificultou a circulação de agua do mar local. A Baia de Guanabara também sofreu transformações ao longo do tempo, a criação de aterros como o Aterro do Flamengo também alterou o desenho da Baía.

Ilhas da Baia de Guanabara também foram alteradas, como a Ilha D'Agua, que até os anos 1950 era um espaço natural, ocupado por uma família, e foi comprado pela Petrobrás, criada na época, como empresa estatal para exploração do Petróleo, e transformado em um terminal marinho de distribuição de petróleo, que vem da Refinaria da Cidade de Duque de Caxias.

A Baía de Guanabara foi espaço de acidentes com vazamento de petróleo e também sofre consequências da má administração da coleta e aterramento de lixo, que ocorre no seu entorno, prejudicando a apropriação das águas para o trabalho e a  biologia marinha, com a mortandade de animais marinhos, e para o uso de praias.

A Educação ambiental é um tema presente na Base Nacional Curricular Comum (2018) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996). É presente em materiais didáticos como livros e apostilas. 

Compreende-se que a História da Ilha D'Agua pode servir como referencia para estudar sobre a importância de leis de proteção ao meio ambiente, que não haviam na época, nos anos 1950, e da preservação de patrimônio, já que a Ilha é um bem natural.

Aplicamos um material elaborado por estudantes do Instituto de História da UFRJ de forma didática que põe esta Ilha no centro das atenções da História ambiental que está no quadro a seguir.



Essa linha do tempo digital em formato de Prezi, mostra os impactos ambientais da entrada da Petrobrás e do assoreamento dos canais com o aterramento das Ilhas que resultaram na Ilha do Fundão.

Trazer esta linha do tempo, geram reflexões sobre as transformações da ilha e também sobre a poluição da Baía de Guanabara.

Pedimos aos alunos que escrevessem textos em formato de redação sobre o observado na linha do tempo, e aqui, mostramos uma amostra de 3, do total de textos produzidos pelos 50 alunos:


"A poluição é causada pelo petróleo. O Petróleo foi jogado pelos
canos que foram destruídos o meio ambiente. O Petróleo vazou e matou
os peixes. Os Pescadores perderam o emprego. A Construção de canos
mais resistentes poderiam evitar vazamentos." 
Fonte: Texto de redação de Estudante "A".

"A algum tempo atrás aconteceram algumas coisas com o meio
ambiente que prejudicou a baía de Guanabara, foram os aumentos de
bairros que fizeram com que as praias da Baía diminuíssem.
Um exemplo disso foi o aumento de bairros em volta das praias
da baía de Guanabara, que fizeram com que diminuíssem, E Existem
alguns tipos de formas para solucionar esses problemas.
Impedindo construções de indústrias, bairros em volta das
praias da baía de Guanabara, criando leis para evitar a poluição e
tornando medidas para melhorar a vida das pessoas que frequentam as
praias, melhorar as pescas."
Fonte: Texto de Redação de Estudante "B".

"A degradação da Baía de Guanabara e o que vem acontecendo
desde o início do século XX, as constantes obras de urbanização e
aumento de bairros estão diminuindo os espaços de praias da baía.
E dezenas de indústrias químicas no entorno da baía causaram vazamento poluindo a baía.
Um exemplo disso são 4 construções químicas após 1950 no
entorno da baía, que causaram vazamento de petróleo. Aconteceram em
1998 e 2000 mais de 20 mil litros de petróleo poluíram a região,
impactando na fauna da baía. Com isso várias áreas foram afetadas,
como exemplo dela, a economia que sofreu prejuízo. Muitos pescadores perderam seus empregos.
Podemos também ter uma solução para a despoluição, como
exemplo, menos lixo. A Petrobrás devia também ajudar na despoluição,
pois querendo ou não causaram isso.
Fonte: Texto de Redação de Estudante "C".

Os estudantes colocaram as suas interpretações sobre a linha do tempo, e as preocupações com o meio ambiente nos textos. Esta ação dos professores foi levada para congressos de Universidades. Um foi apresentado na 5ª Semana de História da Universidade Federal Fluminense, no ano de 2017, e outro na XII Semana de História Politica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, também no ano de 2017. 
As referencias e os links para os textos dos trabalhos estão abaixo.

Referencias:

LIMA, F. C.; MATOS, J. B. ; Luana Souza da Silva ; FERNANDES, Thais Sachie Tsuzuki ; Paiva, Thayenne R. Nascimento . Antes e Durante a Petrobrás: Uma linha do tempo sobre a mudança na paisagem da Ilha D'Água. 2016. Link: https://prezi.com/iay-ohkqvtbt/antes-e-durante-a-petrobras-uma-linha-do-tempo-sobre-a-mudanca-da-paisagem-da-ilha-dagua/

LIMA, F. C.. História Ambiental com alunos da Maré e Ilha do Governador: Perspectivas de Estudantes da Educação Básica. In: XII Semana de História Política da UERJ, 2017, Rio de Janeiro. Anais da XII Semana de História da UERJ. Rio de Janeiro: Semana de Historia Politica da UERJ. v. 1. p. 778-783 link: https://www.academia.edu/44359211/Hist%C3%B3ria_Ambiental_com_alunos_da_Mar%C3%A9_e_da_Ilha_do_Governador_Perspectivas_de_estudantes_do_ensino_b%C3%A1sico


LIMA, F. C.; SILVA, A. S. . HISTÓRIA AMBIENTAL COM ALUNOS DA MARÉ: APLICANDO UMA PROPOSTA DE LINHA DO TEMPO INTERATIVA VOLTADA PARA O ENSINO INTERDISCIPLINAR. In: 5ª Semana de História da Universidade Federal Fluminense, 2018, Niterói - RJ. Anais da 5ª Semana de História da Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro: ANPUH-Rio, 2018. v. 1. p. 1-1077. https://www.academia.edu/43965234/HIST%C3%93RIA_AMBIENTAL_COM_ALUNOS_DA_MAR%C3%89_APLICANDO_UMA_PROPOSTA_DE_LINHA_DO_TEMPO_INTERATIVA_VOLTADA_PARA_O_ENSINO_INTERDISCIPLINAR

LIMA, F. C.; FERNANDES, Thais Sachie Tsuzuki ; Luana Souza da Silva ; Paiva, Thayenne R. Nascimento ; MATOS, J. B. ; ALBAINE, M. ; MARTINS, M. L. B. . Excogitando a proposta de linha do tempo interativa no ensino de história: o caso da Ilha d'Água e seus diálogos com as Histórias Ambiental, Patrimonial e Local. PODER & CULTURA, v. 3, p. 268-292, 2016.

Aula-Campo Nos Tempos do Imperador - Visitando A Pequena África! (Texto originalmente publicado no akairoscurso.blogspot.com)

(Texto originalmente publicado no akairoscurso.blogspot.com) 

Por Fabiano Lima

Professor de Historia, Mestre em Educaçao (UFRJ)

Pedagogia (UniRio)

Professor no Akairos Curso.



Neste ultimo sábado dia 23 de outubro de 2021, eu em conjunto com a equipe do @akairoscurso levamos os nossos estudantes para a aula campo "Nos Tempos do Imperador", e visitamos a Pequena África, na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro.


A novela das 18 horas foi o mote, já que a Rede Globo mostra de forma realista o espaço como era na época do segundo reinado.



Começamos com uma atividade com imagens/fotos antigas da Praça (Barão de) Mauá (1910), onde as crianças tinham que identificar os espaços (predios e monumentos) e as suas transformações ao longo do tempo, e debatermos sobre a memória e patrimônio. Fotos antigas do lugar como praia, rua, estacionamento, viaduto... Cais... E hoje é um grande parque com linha de VLT e museus.




Subimos até a Igreja de Sao Francisco da Prainha, construçao datada de 1696, a mais antiga da cidade, e contamos as historias relativas este lugar, que foi cenario de esconderijo de franceses durante a invasão ao Rio de Janeiro (1711).




Fomos até a Pedra do Sal, e discutimos o trafico humano de pessoas vindas da África, e a cultura e origem do Samba e da MPB, e a importancia do Morro da Conceição na cultura musical.




Visitamos o Cais do Valongo e da Imperatriz e discutimos a memória que foi apagada da escravidão e do Imperio com as obras de Pereira Passos (1902), e a importancia de resgatar o espaço que se tornou, hoje, memória da escravidão, que não tem perdão, e precisa ser relembrada pela crueldade que foi feita. A professora Adriana  fez uma fala sobre a importância do espaço para a história dos negros no Brasil. Lembrou o formato das pedras do chão do cais, e discutiu como era feito o mercado de escravizados. Pessoas eram desnudas e postas como mercadorias, desfazendo qualquer sentido de serem humanos. Adriana ainda falou que nós precisamos olhar este espaço e lembrar todo dia que seriamos nós, favelados, com descendencia africana, os escravizados da época. Eu, Professor Fabiano, concordei e falei que graças as lutas de politicos negros, esses horrores não acontecem mais. Porém, ainda vivemos uma sociedade racista estrutural, onde pessoas pretas e politicas são mortas como o que houve com Marielle Franco. Inclusive, passamos em frente ao Instituto que leva o seu nome, e ainda falamos do monumento a primeira mulher negra bailarina do Teatro Municipal, Mercedes Baptista, exposta no Largo da Prainha, que já foi um mercado de tráfico humano.




Terminamos a tour no Jardim Suspenso do Valongo, onde discutimos como a memoria pode ser manipulada, quando estatuas são retiradas do seu contexto (cais da Imperatriz) e recolocadas para enfeitar um passeio público (1902).




Para mais fotos da atividade, siga-nos no Instagram! @AkairosCurso, e lá tem muito mais novidades!!!

Brincar faz parte do desenvolvimento educacional! (Texto originalmente publicado no akairoscurso.blogspot.com)

Texto escrito por:
Prof. Me. Fabiano Cabral de Lima
Historiador e Mestre em Educação - UFRJ
Pedagogia - UniRio
Professor no Akairos Curso


 (Texto originalmente publicado no akairoscurso.blogspot.com)

Muita gente acha que o brincar não tem importância alguma pra educação e a escolarização das crianças. Errou! Brincar é uma ação muito séria, e não é besteira! Provado cientificamente por cientistas das areas da educação!

Lev Vigotsky (2007) é um dos clássicos das ciências educacionais que discute que a brincadeira é uma forma da criança aprender sobre o universo que ela vive. Ajuda a criança a desenvolver o potencial da estratégia.

Para Jean Piaget (1964), outro clássico, os jogos e brincadeiras desenvolvem o intelectual na criança, a moral e o físico-motor, importantes para concepção sobre comportamentos, regras e leis e também desenvolver a musculatura importante para escrita, leitura, e movimentação espacial.

Já para Walter Benjamin (2012) referenciado por autores da área de História, a brincadeira é importante para as crianças reproduzirem criticas as ações adultas. Tudo aquilo que a criança pode vivenciar os adultos fazendo, as crianças podem reproduzir em brincadeiras, ativando a imaginação. As crianças podem ser criticas até em relação ao brinquedo, se for usado algum, pois os fins da interação com o brinquedo não vão ser os mesmos que a indústria impõe. Por exemplo, aquele boneca famosa criada nos anos 1950, que é vendida representando diversos corpos, profissões e que tem títulos de nobreza também criados criados pela indústria do cinema, para a criança pode ser apenas a filhinha dela. Ou seja, a criança pode dessignificar o material brincável para uma realidade que ela cria na sua imaginação. Vigotsky (2007) e Benjamin (2012) pensam em comum sobre essa critica infantil. Enquanto Benjamin (2007) mostra uma critica da criança ao processo industrial do brinquedo, Vigotsky (2007)  fala que qualquer objeto, como uma vassoura, pode ser dessignificago do objeto, para se tornar um brinquedo na imaginação da mesma, como por exemplo, um cavalo.


Foto: Brincadeira de Galinha Choca, Akairos Curso.


Na foto, em um evento recreativo, estamos brincando de Galinha Choca. O estudante desenvolve a ideia perda ou ganho, estratégia para alcançar o colega, respeitar regras (as leis podem ser regras no futuro), e entrar em contato com a imaginação e a cultura das cantigas de roda: Galinha choca... Chocou o ovo... Saiu minhoca...

Desenvolve o ato de errar e acertar! Ações que as crianças precisam se acostumar para lidar com perdas e ganhos.

Tudo isso tem a importância para compreensão biográfica de cada um deles, e se compreenderem também como sujeitos Históricos. Já que lidar com perdas e ganhos é parte de um desenvolvimento democrático!

Brincar também desenvolve um sujeito Histórico! Pois o sujeito histórico no tempo presente é um sujeito democrático, que compreende as diferenças existentes nos espaços de discussão.

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Referências

BENJAMIN, Walter. Brinquedo e Brincadeira. In BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 2012 (P. 244-248).

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança-Tradução de A. Cabral e CM Oiticica. Rio, 1964

VYGOTSKY. L. A formação Social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2007

Educação ambiental com metodologias ativas, e produção textual com crianças. (Texto publicado originalmente no akairoscurso.blogspot.com)

(Texto publicado originalmente no akairoscurso.blogspot.com)   Por: Fabiano Cabral de Lima. Professor, Historiador e Mestre em Educação pela...