quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Educação ambiental com metodologias ativas, e produção textual com crianças. (Texto publicado originalmente no akairoscurso.blogspot.com)

(Texto publicado originalmente no akairoscurso.blogspot.com)

 Por: Fabiano Cabral de Lima.

Professor, Historiador e Mestre em Educação pela UFRJ.

Professor no Akairos Preparatório.


No ano de 2017 foi trabalhado com as turmas do AKairos Preparatório um material didático digital, desenvolvido por estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro que aborda a História Local e a História Ambiental.

O Complexo de Favelas das Maré é localizado próximo ao Canal do Cunha, e o Canal da Maré, que são trechos assoreados da Baía de Guanabara como observamos no mapa a seguir.


Imagem 1. Mapa do Complexo de Favelas da Maré e a sua localização próxima aos canais da Maré e do Cunha
Fonte: SELDIN, CLÁUDIA; CANEDO, JULIANA . Housing in -Intramural Favelas-: Considerations on New Forms of Urban Expansion in Contemporary Times. CIDADES, COMUNIDADES E TERRITÓRIOS, v. -, p. 16-32, 2018.


O processo de aterramento da Ilha do Fundão, atual cidade Universitária da UFRJ desde os anos 1920 uniu um conjunto de ilhas na localização, fazendo os canais ficarem assoreados, o que dificultou a circulação de agua do mar local. A Baia de Guanabara também sofreu transformações ao longo do tempo, a criação de aterros como o Aterro do Flamengo também alterou o desenho da Baía.

Ilhas da Baia de Guanabara também foram alteradas, como a Ilha D'Agua, que até os anos 1950 era um espaço natural, ocupado por uma família, e foi comprado pela Petrobrás, criada na época, como empresa estatal para exploração do Petróleo, e transformado em um terminal marinho de distribuição de petróleo, que vem da Refinaria da Cidade de Duque de Caxias.

A Baía de Guanabara foi espaço de acidentes com vazamento de petróleo e também sofre consequências da má administração da coleta e aterramento de lixo, que ocorre no seu entorno, prejudicando a apropriação das águas para o trabalho e a  biologia marinha, com a mortandade de animais marinhos, e para o uso de praias.

A Educação ambiental é um tema presente na Base Nacional Curricular Comum (2018) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996). É presente em materiais didáticos como livros e apostilas. 

Compreende-se que a História da Ilha D'Agua pode servir como referencia para estudar sobre a importância de leis de proteção ao meio ambiente, que não haviam na época, nos anos 1950, e da preservação de patrimônio, já que a Ilha é um bem natural.

Aplicamos um material elaborado por estudantes do Instituto de História da UFRJ de forma didática que põe esta Ilha no centro das atenções da História ambiental que está no quadro a seguir.



Essa linha do tempo digital em formato de Prezi, mostra os impactos ambientais da entrada da Petrobrás e do assoreamento dos canais com o aterramento das Ilhas que resultaram na Ilha do Fundão.

Trazer esta linha do tempo, geram reflexões sobre as transformações da ilha e também sobre a poluição da Baía de Guanabara.

Pedimos aos alunos que escrevessem textos em formato de redação sobre o observado na linha do tempo, e aqui, mostramos uma amostra de 3, do total de textos produzidos pelos 50 alunos:


"A poluição é causada pelo petróleo. O Petróleo foi jogado pelos
canos que foram destruídos o meio ambiente. O Petróleo vazou e matou
os peixes. Os Pescadores perderam o emprego. A Construção de canos
mais resistentes poderiam evitar vazamentos." 
Fonte: Texto de redação de Estudante "A".

"A algum tempo atrás aconteceram algumas coisas com o meio
ambiente que prejudicou a baía de Guanabara, foram os aumentos de
bairros que fizeram com que as praias da Baía diminuíssem.
Um exemplo disso foi o aumento de bairros em volta das praias
da baía de Guanabara, que fizeram com que diminuíssem, E Existem
alguns tipos de formas para solucionar esses problemas.
Impedindo construções de indústrias, bairros em volta das
praias da baía de Guanabara, criando leis para evitar a poluição e
tornando medidas para melhorar a vida das pessoas que frequentam as
praias, melhorar as pescas."
Fonte: Texto de Redação de Estudante "B".

"A degradação da Baía de Guanabara e o que vem acontecendo
desde o início do século XX, as constantes obras de urbanização e
aumento de bairros estão diminuindo os espaços de praias da baía.
E dezenas de indústrias químicas no entorno da baía causaram vazamento poluindo a baía.
Um exemplo disso são 4 construções químicas após 1950 no
entorno da baía, que causaram vazamento de petróleo. Aconteceram em
1998 e 2000 mais de 20 mil litros de petróleo poluíram a região,
impactando na fauna da baía. Com isso várias áreas foram afetadas,
como exemplo dela, a economia que sofreu prejuízo. Muitos pescadores perderam seus empregos.
Podemos também ter uma solução para a despoluição, como
exemplo, menos lixo. A Petrobrás devia também ajudar na despoluição,
pois querendo ou não causaram isso.
Fonte: Texto de Redação de Estudante "C".

Os estudantes colocaram as suas interpretações sobre a linha do tempo, e as preocupações com o meio ambiente nos textos. Esta ação dos professores foi levada para congressos de Universidades. Um foi apresentado na 5ª Semana de História da Universidade Federal Fluminense, no ano de 2017, e outro na XII Semana de História Politica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, também no ano de 2017. 
As referencias e os links para os textos dos trabalhos estão abaixo.

Referencias:

LIMA, F. C.; MATOS, J. B. ; Luana Souza da Silva ; FERNANDES, Thais Sachie Tsuzuki ; Paiva, Thayenne R. Nascimento . Antes e Durante a Petrobrás: Uma linha do tempo sobre a mudança na paisagem da Ilha D'Água. 2016. Link: https://prezi.com/iay-ohkqvtbt/antes-e-durante-a-petrobras-uma-linha-do-tempo-sobre-a-mudanca-da-paisagem-da-ilha-dagua/

LIMA, F. C.. História Ambiental com alunos da Maré e Ilha do Governador: Perspectivas de Estudantes da Educação Básica. In: XII Semana de História Política da UERJ, 2017, Rio de Janeiro. Anais da XII Semana de História da UERJ. Rio de Janeiro: Semana de Historia Politica da UERJ. v. 1. p. 778-783 link: https://www.academia.edu/44359211/Hist%C3%B3ria_Ambiental_com_alunos_da_Mar%C3%A9_e_da_Ilha_do_Governador_Perspectivas_de_estudantes_do_ensino_b%C3%A1sico


LIMA, F. C.; SILVA, A. S. . HISTÓRIA AMBIENTAL COM ALUNOS DA MARÉ: APLICANDO UMA PROPOSTA DE LINHA DO TEMPO INTERATIVA VOLTADA PARA O ENSINO INTERDISCIPLINAR. In: 5ª Semana de História da Universidade Federal Fluminense, 2018, Niterói - RJ. Anais da 5ª Semana de História da Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro: ANPUH-Rio, 2018. v. 1. p. 1-1077. https://www.academia.edu/43965234/HIST%C3%93RIA_AMBIENTAL_COM_ALUNOS_DA_MAR%C3%89_APLICANDO_UMA_PROPOSTA_DE_LINHA_DO_TEMPO_INTERATIVA_VOLTADA_PARA_O_ENSINO_INTERDISCIPLINAR

LIMA, F. C.; FERNANDES, Thais Sachie Tsuzuki ; Luana Souza da Silva ; Paiva, Thayenne R. Nascimento ; MATOS, J. B. ; ALBAINE, M. ; MARTINS, M. L. B. . Excogitando a proposta de linha do tempo interativa no ensino de história: o caso da Ilha d'Água e seus diálogos com as Histórias Ambiental, Patrimonial e Local. PODER & CULTURA, v. 3, p. 268-292, 2016.

Aula-Campo Nos Tempos do Imperador - Visitando A Pequena África! (Texto originalmente publicado no akairoscurso.blogspot.com)

(Texto originalmente publicado no akairoscurso.blogspot.com) 

Por Fabiano Lima

Professor de Historia, Mestre em Educaçao (UFRJ)

Pedagogia (UniRio)

Professor no Akairos Curso.



Neste ultimo sábado dia 23 de outubro de 2021, eu em conjunto com a equipe do @akairoscurso levamos os nossos estudantes para a aula campo "Nos Tempos do Imperador", e visitamos a Pequena África, na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro.


A novela das 18 horas foi o mote, já que a Rede Globo mostra de forma realista o espaço como era na época do segundo reinado.



Começamos com uma atividade com imagens/fotos antigas da Praça (Barão de) Mauá (1910), onde as crianças tinham que identificar os espaços (predios e monumentos) e as suas transformações ao longo do tempo, e debatermos sobre a memória e patrimônio. Fotos antigas do lugar como praia, rua, estacionamento, viaduto... Cais... E hoje é um grande parque com linha de VLT e museus.




Subimos até a Igreja de Sao Francisco da Prainha, construçao datada de 1696, a mais antiga da cidade, e contamos as historias relativas este lugar, que foi cenario de esconderijo de franceses durante a invasão ao Rio de Janeiro (1711).




Fomos até a Pedra do Sal, e discutimos o trafico humano de pessoas vindas da África, e a cultura e origem do Samba e da MPB, e a importancia do Morro da Conceição na cultura musical.




Visitamos o Cais do Valongo e da Imperatriz e discutimos a memória que foi apagada da escravidão e do Imperio com as obras de Pereira Passos (1902), e a importancia de resgatar o espaço que se tornou, hoje, memória da escravidão, que não tem perdão, e precisa ser relembrada pela crueldade que foi feita. A professora Adriana  fez uma fala sobre a importância do espaço para a história dos negros no Brasil. Lembrou o formato das pedras do chão do cais, e discutiu como era feito o mercado de escravizados. Pessoas eram desnudas e postas como mercadorias, desfazendo qualquer sentido de serem humanos. Adriana ainda falou que nós precisamos olhar este espaço e lembrar todo dia que seriamos nós, favelados, com descendencia africana, os escravizados da época. Eu, Professor Fabiano, concordei e falei que graças as lutas de politicos negros, esses horrores não acontecem mais. Porém, ainda vivemos uma sociedade racista estrutural, onde pessoas pretas e politicas são mortas como o que houve com Marielle Franco. Inclusive, passamos em frente ao Instituto que leva o seu nome, e ainda falamos do monumento a primeira mulher negra bailarina do Teatro Municipal, Mercedes Baptista, exposta no Largo da Prainha, que já foi um mercado de tráfico humano.




Terminamos a tour no Jardim Suspenso do Valongo, onde discutimos como a memoria pode ser manipulada, quando estatuas são retiradas do seu contexto (cais da Imperatriz) e recolocadas para enfeitar um passeio público (1902).




Para mais fotos da atividade, siga-nos no Instagram! @AkairosCurso, e lá tem muito mais novidades!!!

Brincar faz parte do desenvolvimento educacional! (Texto originalmente publicado no akairoscurso.blogspot.com)

Texto escrito por:
Prof. Me. Fabiano Cabral de Lima
Historiador e Mestre em Educação - UFRJ
Pedagogia - UniRio
Professor no Akairos Curso


 (Texto originalmente publicado no akairoscurso.blogspot.com)

Muita gente acha que o brincar não tem importância alguma pra educação e a escolarização das crianças. Errou! Brincar é uma ação muito séria, e não é besteira! Provado cientificamente por cientistas das areas da educação!

Lev Vigotsky (2007) é um dos clássicos das ciências educacionais que discute que a brincadeira é uma forma da criança aprender sobre o universo que ela vive. Ajuda a criança a desenvolver o potencial da estratégia.

Para Jean Piaget (1964), outro clássico, os jogos e brincadeiras desenvolvem o intelectual na criança, a moral e o físico-motor, importantes para concepção sobre comportamentos, regras e leis e também desenvolver a musculatura importante para escrita, leitura, e movimentação espacial.

Já para Walter Benjamin (2012) referenciado por autores da área de História, a brincadeira é importante para as crianças reproduzirem criticas as ações adultas. Tudo aquilo que a criança pode vivenciar os adultos fazendo, as crianças podem reproduzir em brincadeiras, ativando a imaginação. As crianças podem ser criticas até em relação ao brinquedo, se for usado algum, pois os fins da interação com o brinquedo não vão ser os mesmos que a indústria impõe. Por exemplo, aquele boneca famosa criada nos anos 1950, que é vendida representando diversos corpos, profissões e que tem títulos de nobreza também criados criados pela indústria do cinema, para a criança pode ser apenas a filhinha dela. Ou seja, a criança pode dessignificar o material brincável para uma realidade que ela cria na sua imaginação. Vigotsky (2007) e Benjamin (2012) pensam em comum sobre essa critica infantil. Enquanto Benjamin (2007) mostra uma critica da criança ao processo industrial do brinquedo, Vigotsky (2007)  fala que qualquer objeto, como uma vassoura, pode ser dessignificago do objeto, para se tornar um brinquedo na imaginação da mesma, como por exemplo, um cavalo.


Foto: Brincadeira de Galinha Choca, Akairos Curso.


Na foto, em um evento recreativo, estamos brincando de Galinha Choca. O estudante desenvolve a ideia perda ou ganho, estratégia para alcançar o colega, respeitar regras (as leis podem ser regras no futuro), e entrar em contato com a imaginação e a cultura das cantigas de roda: Galinha choca... Chocou o ovo... Saiu minhoca...

Desenvolve o ato de errar e acertar! Ações que as crianças precisam se acostumar para lidar com perdas e ganhos.

Tudo isso tem a importância para compreensão biográfica de cada um deles, e se compreenderem também como sujeitos Históricos. Já que lidar com perdas e ganhos é parte de um desenvolvimento democrático!

Brincar também desenvolve um sujeito Histórico! Pois o sujeito histórico no tempo presente é um sujeito democrático, que compreende as diferenças existentes nos espaços de discussão.

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Referências

BENJAMIN, Walter. Brinquedo e Brincadeira. In BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 2012 (P. 244-248).

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança-Tradução de A. Cabral e CM Oiticica. Rio, 1964

VYGOTSKY. L. A formação Social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2007

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Proposta de História do Trabalho através dos automóveis

 


Por 10 domingos, propomos um debate dentro da História pública no Instagram @ProfessorFabianoLima. Propomos um recorte de estudo histórico sobre História do trabalho utilizando como objeto de análise, produções científicas que discutem a utilização de carros para o trabalho. Recortamos 10 modelos de automóveis mais vendidos no Brasil para o trabalho, depois de uma analise histórica de venda de automóveis no Brasil, pesquisando por tabelas da Fipe (https://veiculos.fipe.org.br/), instituição utilizada pela imprensa (Grupo Abril e Globo) para discutir estatisticamente a venda de automóveis. Escolhemos 1 ônibus, que é o mais longevo fabricado, 1 caminhão, 3 modelos de vans, e cinco carros de passeio. Aglomeramos em uma mesma postagem as variações de carroceria do veículo, mesmo que o nome dele fosse variado, como ocorre com a linha  AGL de caminhões da Mercedes-Benz e a Fiat Fiorino/147/Uno/Mille. Em ambos, temos em comum o mesmo produto, mudando de nome, ou apenas utilizando a mesma submarca.

A ideia foi discutir a importância desses automóveis como ferramentas de trabalho, as suas problematizações e os efeitos sociais, seja eles econômicos e sociais. Percebemos que os Onibus são os que mais são presentes na vida do trabalhador no dia a dia, já que ele não é apenas uma ferramenta de trabalho de um motorista e cobrador, mas é transporte de trabalhadores no dia a dia, na migração trabalho-residência do trabalhador. Existem pesquisas que questionam o subemprego, onde as vans dominam como ferramenta de trabalho, e também pesquisas que descrevem cenários de trabalho como as fábricas, descrevendo todas as divisões de trabalho na fabricação de um automóvel. Há pesquisas também sobre a saude do trabalhador como motoristas de vans, e ambulâncias. Há também trabalhos sobre o uso do design de um veículo, como a Kombi e o Fusca, como proposta de comercialização de bens de consumo pequenos, como canecas e camisetas.

Portanto, a seguir no texto, veremos discussões encontradas em torno de automóveis específicos escolhidos para ilustrar o TOP 10.


O Santana começou ser produzido no Brasil em 1984, sendo variação de carroceria do Passat produzido na Alemanha, e que tinha a 1ª geração fabricada no Brasil. Em 1990 o Santana ganhou uma 2ª geração exclusiva para o mercado latino, período que a Volkswagen do Brasil teve uma sociedade com a Ford, originando também uma variante do projeto com a marca estadunidense, que foi o Versailes.

Nos anos 1980 era vendido como carro mais caro da Volkswagen. Realidade que mudou nos anos 1990. O projeto ficou antigo e o mercado de peças mais barato. Um carro médio, com porta-malas grande, e mecânica simples, chamou atenção de trabalhadores taxistas, e instituições. O Santana foi fabricado no Brasil até 2006.

O Cientista Social Alessandro de Moura (2010) fez um trabalho sobre as mudanças nas relações de trabalho e produção na Volkswagen no ABC Paulista nos anos 2000. A chegada de robôs na linha de produção, fez o trabalho antes manual, ser automatizado, deixando de envolver mão de obra trabalhadora direta. Funcionários das linhas de montagem foram realocados para outros postos de trabalho, antes de decreto do fim da fabricação do Santana.

Mudanças técnicas são discutidas também na dissertação de mestrado de Robson da Silva (2005) que são vistas de forma negativa por trabalhadores por excluir cada vez mais do mercado de trabalho quem não tem formação específica para lidar com os equipamentos.

Há uma pesquisa sobre custo benefício de automóveis utilizados como táxi, realizado por Carlos Valmorbida (2005) em que mostra automóveis Gol e Santana como os mais utilizados como táxi em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Na cidade, os Táxis eram compostos em maioria por 547 automóveis Santana e 324 modelos Gol. O pesquisador fez uma analise de custo benefício em que o Gol se tornou melhor espaço de trabalho que o Santana, por ser bicombustível e com motor econômico.

Edmundo Júnior (2016) faz uma etnografia sobre o cotidiano de taxistas em Salvador, na Bahia. Faz uma analise histórica do trabalho da categoria, e traz relatos sobre a saúde, segurança, e problemas de relacionamentos de passageiros. O Táxi é descrito como um microcosmo social.

Referencias:

BEREZOVSKY, S. Clássicos: Volkswagen Santana nasceu luxuoso, mas morreu simples e pelado -
Carro que colocou a VW entre a elite dos carros nacionais saiu de cena em 2006, mas deixou
uma legião de fãs no Brasil. Revista Quatro Rodas. São Paulo, 29 de agosto de 2020.
MACHADO JUNIOR, Edmundo Fonseca. Bandeira livre: uma etnografia sobre os motoristas de
táxi da cidade de São Salvador da Bahia. Programa de Pós-Graduação em Antropologia.
Universidade Federal da Bahia. Tese de Doutorado. 2016.
MOURA, A.. Movimento operário no ABC: o caso da Volkswagen ABC. In: VII Seminário do
Trabalho - Trabalho, educação e Sociabilidade, 2010, Marília. Anais do Evento, 2010. p. 01-27.
VALMORBIDA, Carlos Edgar Magalhães. Apuração do custo do quilômetro rodado. Revista
eletrônica: acórdãos, sentenças, ementas, artigos e informações, Porto Alegre, RS, v. 1, n. 3, p.
44-50, abr. 2005.
SILVA, R. M. Organização do trabalho no setor de usinagem da fábrica de motores da
Volkswagen do Brasil em São Carlos. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos. 2005.



Alexandre Poupério (1999) em trabalho sobre o impacto econômico de chegada de fábricas de automóveis na Bahia, fala sobre a Asia Motors.  A empresa na época funcionava em holding com a Kia Motors, que era a sua acionista marjoritária, e parte da Kia pertencia a Hyundai Motors. Este trabalho confirma a versão de um site coreano quando falamos sobre o Asia Topic. Alexandre em seu trabalho fala das expectativas que haviam sobre a Asia Motors em construção de uma fábrica em Camaçari, cidade Bahiana, que teve investimento do Estado da Bahia para construção. Discute também o desaparecimento da marca Asia, realizado pela Kia Motors, que também pertencia à Hyundai, o que podiam fazer os planos de uma fábrica não se concretizarem. Eram previstos cerca de 2500 empregos diretos e 7500 indiretos.

Os carros que seriam fabricados no polo de Camaçari eram importados para o Brasil com o valor de IPI reduzido. Na época, uma politica sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, aceitou venda de automóveis por baixo IPI (Imposto sobre Produto Importado) desde que fossem fechados acordos para construção de fábricas. Acabou que a empresa foi absorvida pela Kia e Hyundai antes da conclusão das obras, e a Hyundai e a Kia por questões contratuais não assumiram a fábrica. A Kia ganhou ações na justiça brasileira inocentando-a de de possível fraude na gestão da marca no Brasil em relação a fábrica (Veja, 2013).

A Asia Towner era um dos produtos das marcas no Brasil, era uma mini-van de 6 lugares, era vendida também em carrocerias furgão e picape. Em pesquisa sobre Design pela Universidade de Brasília, realizada em 2016 por Rainer de Oliveira, mostra que a Asia Towner foi utilizada pelos trabalhadores informais nos anos 1990 como serviço de venda de cachorro-quente, O autor discute como uma das pioneiras entre so que hoje são chamados de food-trucks.

Quem nunca comeu um dogão vendido numa Towner? Mesmo com a pesquisa dos nutricionistas da UFPEL (RODRIGUES et Al, 2003) realizada com vendedores de cachorro quente em Towners de Pelotas, mostrarem que as condições higiênicas dos vendedores não eram adequadas. Referencias nos comentários!

Referências:
OLIVEIRA, Rainer Araújo Barbosa de. Macaqueijo: um food truck de macarrão com queijo. 2016. [65] f., il. Monografia (Bacharelado em Desenho Industrial)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
PAUPERIO, A. T. Impactos da produção automotiva no desenvolvimento econômico da Bahia. RDE. Revista de Desenvolvimento Econômico, Salvador - Bahia, v. Ano I, n.n. 2, p. 57-68, 1999.
REDAÇÃO. Kia estuda fábrica no Brasil após se livrar de processo. Revista Veja. 5 de setembro de 2013.
RODRIGUES, Kelly Lameiro et al . Condições higiênico-sanitárias no comércio ambulante de alimentos em Pelotas-RS. Ciênc. Tecnol. Aliment.,  Campinas ,  v. 23, n. 3, p. 447 -452,  Dec.  2003.



Os Série AGL foram construídos no Brasil entre 1964 e 1989. É uma linha que começa pelo 1111, e variam numeração de acordo com o peso e potência. O mais pesado da linha tinha a variação do número 2000. Foi o caminhão mais vendido entre anos 1960 e 1980. Considerado “o fusca” dos caminhoneiros pela popularidade e resistência. Hoje existem cerca de 100000 circulando em estradas.

Há uma pesquisa sobre a saúde do caminhoneiro, levantada através de questionários realizados pela CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias) que foi recordada em pesquisa sobre a saúde do caminhoneiro por FERREIRA e ALVAREZ (2013). 61,52% dos motoristas entrevistados trabalhavam para transportadoras “Os resultados desse estudo mostram que distúrbios do sono, irritabilidade, fadiga, nível de atenção diminuído, reflexos diminuídos, solidão, distúrbios gastrointestinais e raciocínio difícil estão entre os principais sintomas apresentados pelos caminhoneiros”. Há uma entrevista com um motorista de um 1113 de 65 anos de idade que relata a direção no horário noturno, revelando desregulação dos horários de sono.

Pesquisa de PONTE JÚNIOR e ROTTA (2019) mostra um perfil de caminhoneiros que trabalham pra agroindústria. Há uma preferencia de escolhas pelas empresas por caminhoneiros com mais de 20 anos de trabalho. A maioria são funcionários de transportadoras em relação a autônomos. 54% relataram sentir dores durante a execução do trabalho e 46% relataram dores nas pernas, braços e coluna. Bancos reguláveis é o requisito de conforto mais comentado. A maioria dos caminhoneiros compraram seus caminhões a vista com incentivos das transportadoras, e o que chama atenção na compra é a ergonomia e o valor da manutenção.

O trabalho de SILVA (2015) é uma pesquisa sobre a vida dos caminhoneiros. Tem relatos sobre os desafios diários da profissão, das greves impulsionadas pelas empresas e pelos autônomos. Condições de trabalho, remuneração, a solidão é relatada e problematizada.

Relatar o trabalho de caminhoneiros experientes, ou sobre greves, com recorte de algum período político, poderiam gerar muitas contribuições para a História do Trabalho. Algum dos mais velhos provavelmente utilizaram um Série AGL.

Referências
FERREIRA, S. S.; ALVAREZ, D.; Organização do Trabalho e Comprometimento da Saúde: Um Estudo em Caminhoneiros. S & G. Sistemas & Gestão, v. 8, p. 58-66, 2013.
MERCEDES-BENZ. Clássicos Mercedes-Benz: Uma História de Sucesso. Blogue do Caminhão. Endereço do site: https://blogcaminhao.mercedes-benz.com.br/classicos-mercedes-benz-uma-historia-de-sucesso/. Postado em 16 de novembro de 2017.
PONTE JR. L. C.; ROTTA, I. S.; Aspectos ergonômicos: impacto da agroindústria no aumento da demanda dos caminhões. IX Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção. Ponta Grossa. Paraná. Dezembro de 2019.
SILVA, Ramon Araújo. Vida de caminhoneiro: sofrimento e paixão. 2015. 150 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2015.


Ao fazer a pesquisa recorri ao Google Tradutor, traduzi em coreano “História da Asia Motors”, e joguei no buscador. Não há fontes confiáveis sobre origem da marca. Sites em Coreano relatam que Asia Motors era indústria de caminhões Estatal, localizada na Coréia do Sul, fundada em 1962. Em falência, foi comprada pela Kia Motors, empresa privada, nos anos 1970. Ambas coexistiram até os anos 2000, quando a Kia foi comprada pela Hyundai Motors, privada, e desapareceu com a marca Asia. A Kia Besta, van de passageiros foi pioneira, chegou ao Brasil no início dos anos 1990, após abertura de importações do Presidente Collor. Desde 1974, eram proibidas importações de automóveis para o Brasil. A Kia importou a Besta junto a Asia Topic. Os sites automotivos relatam integração entre projetos com o caminhão Kia Bongo além da van H100 e caminhonete HR.

A proibição das importações foi uma política fundamentada pela alta dívida externa e desvalorização da moeda. Políticas de industrialização, e exportação, atuaram para cobrir a dívida externa (MATTEI; SANTOS JÚNIOR, 2009). Esse trabalho explica o motivo da proibição de importações no Brasil, em História Comparada com a Argentina, que teve política contemporaneamente idêntica.

As vans chegaram no mercado em uma época com alto desemprego, e com o crescimento do uso da Topic pelo transporte coletivo alternativo, em paralelo em uso da Kombi, os motoristas foram apelidados de “Topiqueiros”.

Há trabalho realizado no Ceará (LEITE, 2018) destaca o sucesso dos transportes alternativos privados. Relata-se que surgiram em crise do transporte público por ônibus, por não atenderem alguns trajetos. O serviço é bem avaliado pelos usuários, em conforto e rapidez.

O trabalho de CORDEIRO et ali (2019) pesquisou a saúde dos trabalhadores topiqueiros em procura de assistências de saúde ofertadas por clinicas da família em Joazeiro do Norte no Ceará. Pela estatística abordada, eles procuram os postos de saúde para exames e consultas de rotina. Porém, 88% dos 25 entrevistados não abordaram ter problemas de saúde. Referencias nos comentários!

ASIA MOTORS – CARRO ANTIGO. Site (Em Coreano): https://blog.naver.com/PostView.nhn?blogId=ujwlee&logNo=221138187787&parentCategoryNo=&categoryNo=57&viewDate=&isShowPopularPosts=true&from=search.
CORDEIRO T. B. Et al. Motoristas de Transporte Alternativo: fatores impeditivos e facilitadores ao acesso à Estratégia Saúde da Família. Brazilian Journal of Development, v. 5, p. 25863-25873, 2019.
MATTEI, L.; SANTOS JÚNIOR, J. A. Industrialização e substituição de importações no Brasil e na Argentina: uma análise histórica comparada. Revista de Economia (UFPR), v. 35, p. 91-113, 2009.
OLIVEIRA, Ricardo. Kia Besta: anos, versões, motor, manutenção e detalhes. Noticias Automotivas. Sites: https://www.noticiasautomotivas.com.br/kia-besta/. 21 de março de 2021.


A Fiat lançou a Ducato na Itália em 1981, para substituir tecnologicamente outra van fabricada pela empresa. Em 1994 surge uma sociedade com a Peugeot-Citroen para a fabricação de uma segunda geração dessa van, e assim nasceram a Boxer e a Jumper.

Em 1998 a Fiat e a Peugeot-Citroen observaram no Brasil um potencial mercado para vans, para o uso nos transportes coletivos, e empresas. Atualmente o modelo fabricado pela parceria entre as empresas é a Van mais vendida do Brasil, e a mais utilizada para o trabalho com transporte alternativo, segundo tabelas da FIPE. A parceria entre as empresas se consolidou no ano de 2020 para compartilhamento de peças de todos os automóveis das suas linhas. Atualmente, a Fiat-Chrysler e a Peugeot-Citroen são uma única empresa chamada Stellantis.

Nos anos 1990 cresceu no Brasil a quantidade de trabalhadores de vans, que utilizam esses modelos para transporte autônomo de passageiros, chamado de “transporte alternativo”. O trabalho da Mestra em Geografia Diana Cecília de Souza (2006) cita disputas que trabalhadores do transporte alternativo se envolvem pela legalização dos seus trabalhos e também relata como é na cidade de Recife, o fluxo do trânsito desses veículos.

Roberta Passos, especialista em Pedagogia Social, traz uma entrevista com um trabalhador de vans, que utilizou uma van algumas vezes para trabalho no ramo de alimentação. A pesquisadora faz criticas a precarização do trabalho, que com a falta de oportunidades no mercado, faz com que pessoas tenham que fazer qualquer coisa para ter dinheiro, crescendo o trabalho informal.

A pesquisa da Mestre em Ergonomia da UFPR, Jaqueline Oliveira (2015) é sobre carros utilizados como ambulância pelo SAMU no Recife. É apontado um favoritismo dos profissionais da saúde pelas ambulâncias vans Ducato, Boxer e Renault Master em relação a Ambulância baseada na Picape Ford Ranger. As Vans tem melhores espaços, temperaturas internas e porta lateral além da traseira, facilitando a entrada de profissionais.

Referencias:

CECÍLIA DE SOUZA, D. As territorialidades flexíveis do transporte alternativo na cidade do Recife: Os fluxos das kombis e vans entre a Avenida caxangá e o bairro de Boa Viagem. 2006. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.
OLIVEIRA, J. A. N. Avaliação de riscos ergonômicos nos profissionais de enfermagem do Serviço e Atendimento Móvel de Urgência – Samu/Recife. Dissertação (Mestrado em Ergonomia). Programa de Pós-Graduação em Ergonomia. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2015.
PASSOS, Roberta. O trabalho informal e o trabalhador precarizado. Revista Pedagogia Social UFF, [S.l.], v. 5, n. 1, jun. 2018.
Stellantis. Fiat Professional. Ducato. Site: https://www.media.stellantis.com/pt-pt/fiat-professional/fiat-ducato. Consultado em 13 de março de 2021.


O Mercedes-Benz Sprinter é uma van, para uso urbano ou comercial fabricado na Alemanha desde 1995. É fabricado na Argentina e vendido no Brasil via Mercosul, acordo econômico entre Países da América do Sul, de livre circulação de pessoas, e de livre mercado existente desde 1991.

Um dos 20 veículos mais vendidos para uso comercial no Brasil. Utilizado em transportes coletivos: escolar, municipal e intermunicipal e turismo. Serve como ambulância, transporte policial, frigorífico, caminhonete de carga com baú ou sem baú. No site da Mercedes-Benz o veículo é vendido como um veículo para “negócios”, designado para empresas, microempresas ou qualquer atividade econômica por pessoas no Brasil.

OLIVEIRA et al (2015) é uma pesquisa das áreas de engenharias e fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, que investigou uma Mercedes-Benz Sprinter ano 2008 para uso como ambulância, e observaram que as taxas de ruído para o uso no trânsito são prejudiciais para os trabalhadores da área. Os ruídos da exposição à sirene no dia a dia, estão acima das taxas de decibéis permitidos pelas áreas de saúde. Melhoras na estrutura da cabine do veículo para diminuição do volume de som, são propostas abertas pela pesquisa.

GATTI JÚNIOR (2011) é uma pesquisa na FEA (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária) da USP (Universidade de São Paulo). O pesquisador investigou os efeitos das politicas que reduziram o uso de caminhões no trânsito da cidade de São Paulo desde o ano de 2008. Entre apontamentos do autor como efeitos, como o lançamento de modelos de vans com caçamba ou baú, como a Modelo Sprinter Street, que são mais leves e fazem o mesmo serviço de caminhões.

TRAVAIN, FRANÇA e FONSECA (2015) é um resumo expandido apresentado em um congresso projetos de extensão da UNESP, aonde relatam o uso de uma Sprinter como Museu Itinerante, onde promove em locais geográficos debates sobre a ciência ou miniaulas.

A Sprinter é um automóvel presente no dia a dia do trânsito e uso como trabalho, seja no transporte de emergência, passageiros, cargas ou uso como ambiente educacional. Quantas histórias podem ser contatas por usuários trabalhadores?

Referências:

GATTI JUNIOR, W.. A ZMRC e o transporte urbano de cargas na cidade de São Paulo. Revista Eletrônica Gestão e Serviços, v. 2, p. 205-227, 2011.
OLIVEIRA, Rafaella Cristina et al. Exposição ao ruído ocupacional pelos tripulantes de ambulâncias. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 847-853, junho 2015.
TRAVAIN, S. A. FRANÇA, M. S. FONSECA, A. M. T. Difusão do saber científico a partir do Museu Itinerante. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015.




O FIAT (Fabrica Italiana de Automóveis de Torino) Fiorino é produzido no Brasil desde 1980, baseado no modelo 147, de 1976. O 147, popular da marca, foi substituído tecnologicamente pelo Uno, em 1984. O nome Fiorino se manteve para identificar os modelos comerciais derivados do Uno pela montadora, pick-up e um furgão estendido, a partir de 1988.

A partir de 1990, com políticas de incentivo à produção de carros populares de motores até 1000 cilindradas, lançada pelo Presidente Fernando Collor de Melo, a FIAT renomeou o Uno como Mille, mas manteve as configurações Fiorino. Com a apresentação de um novo projeto para o modelo Uno em 2010, e políticas de segurança automotiva serem reforçadas no Brasil, em 2013, a Fiorino passou ter uma carroceria e plataforma híbrida entre o modelo do novo Uno, e da Fiat Strada, outra picape baseada em outro carro popular da FIAT, o Palio.

João Darius (2015) em trabalho sobre políticas publicas automotivas (anos 2010), mostra em tabelas, que a Fiorino, após o fim da fabricação da Kombi, devido as mesmas políticas, foi um dos automóveis comerciais que cresceram em vendas, visando o trabalho com cargas.

O Fiat Uno sempre esteve entre os 10 automóveis mais vendidos no Brasil, e Zelma Silva, Mestre em Engenharia de Produção e Marketing, fez um estudo de caso sobre o modelo Fiat Uno Mille Smart, sobre estratégias de marketing da FIAT em 2002, a promoção “Chave na Mão”, que levou em consideração qualidades históricas do modelo (economia e espaço interno). Há o modelo Furgão com carroceria do Uno, sem vidros traseiros, em linha de produção desde 1988.

O trabalho de Daniel Arruda (2009) mostra a divisão do trabalho nas linhas de montagem da FIAT, que envolve a interação de trabalhadores desde pedidos de peças nas redes de concessionárias, até a fabricação das mesmas. As equipes de gestão de materiais coletam dados manualmente para cálculos de consumo.

É comum nas ruas ter Fiat Uno com “escadinha no teto”, ou alguma Fiorino utilizada por empresas, devido baixo valor final dos modelos que compartilham peças, e pela economia que chama atenção de trabalhadores do frete, entregadores, empresas, e técnicos de telefonia.

Referencias:
ARRUDA, Daniel. Modelo de Gestão de Materiais com quantidade de emprego continua – Um estudo de Caso na Fiat Automóveis S/A. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós -Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Catarina. 2009.
Darius, João Paulo. O impacto das políticas públicas sobre o portfólio da Volkswagen Brasil no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Trabalho de conclusão de graduação de curso de Ciencias Economicas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS. 2015.
STELLANTIS FIAT CHRYSLER AUTOMÓVEIS PEUGEOT CRITROEN AUTOMÓVEIS. Fiorino: 40 anos de vocação para o trabalho. Site: https://www.fcagroup.com/stories/latam/pt-br/Pages/fiorino-40-anos.aspx#. Ano da publicação: 2020.
SILVA, L. G. P. Estratégias Competitivas No Combate Aos Novos Produtos Entrantes No Mercado Automobilístico: Estudo Do Caso Fiat Uno Mille Smart. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção e Marketing. Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção. Universidade Federal de Santa Catarina. 2002.





Marcopolo é encarroçadora de ônibus brasileira, fundada em 1949, utiliza como bases na criação dos ônibus plataformas fabricadas pela Agrale, Volvo, Volkswagen, Scania, Iveco e Mercedes-Benz. Se fundiu à encarroçadora Ciferal nos anos 1990.

O Torino é o modelo com maior tempo em produção, lançado em 1983, passando por reestilizações. É um modelo para uso urbano, geralmente em linhas municipais ou intermunicipais. Dependendo do chassi/plataforma, o motor pode ser traseiro, central ou dianteiro. Há também modelos articulados ou biarticulados.

A engenheira Magda Pamplona (2000) em pesquisa, relatou que na época, no Brasil estimava-se 78 mi. de viagens motorizadas eram realizadas por dia, e 70% dessas viagens eram realizadas por transportes coletivos. 62% das pessoas que utilizam transportes públicos é por motivo o trabalho. Cita também que o trabalho da fabricação de chassis na Mercedes-Benz, na época, era artesanal, no ABC Paulista. Envolve trabalhos de outros setores de peças, e do INNETRO que regula a qualidade das peças e dos produtos finais.

O engenheiro Adriano de Costa (2004) relata que desde 1986 a Marcopolo tem uma metodologia de produção baseada no sistema de gestão teórico japonês, toyotista, just-in-time, aonde a produção é realizada sob encomenda, com controles de qualidade em cada fase da produção. Evitam-se erros que levam à desperdícios de material, sendo sustentável, e sem interrupção do fluxo de trabalho. Investem também na capacitação interna de profissionais, e apresentam o mesmo produto com um portifólio variado, facilitando vendas.

A administradora Tatiana Ghedine realizou um estudo de caso na Marcopolo em 2009, entrevistando gestores, e conclui que a linha de produção é dividida em competências organizacionais: gestões de produto, produção, desenvolvimento, marca e mercado externo. Elaborou um quadro mostrando a empresa, encarroçadora de ônibus brasileira, maior atuante no mercado nacional e internacional em comparação com outras.

O ônibus envolve significativo uso para o trabalho no Brasil, desde a produção, gestão, até o usuário que se desloca para o trabalho. A maioria dos ônibus brasileiros, são Marcopolo Torino.

Referências:
DE COSTA, A. J. Otimização do Leyout de produção de um processo de pintura de ônibus. Trabalho de Conclusão de Curso Profissionalizante de Mestrado em Engenharia de Produção. Escola de Engenharia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2004.
PAMPLONA, R. M. Considerações sobre o emprego dos diferentes tipos de ônibus no transporte público urbano. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo – USP. 2000.
GHEDINE, Tatiana. Aplicação do Conceito de Competência Organizacional: Um estudo de Caso na empresa Marcopolo S.A. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Administração. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2009.


A História da Kombi se confunde com a do Volkswagen/Sedan/Fusca/KDF-Wagen/ na Europa. Isso porque o KDF Wagen durante a II Guerra Mundial teve base para construção de veículos de guerra, e foi percebido que a plataforma podia ser adaptável para qualquer tipo de carroceria.

Ben Pon, empresário da Holanda, nos anos 1940, passa importar modelos Volkswagen. Durante visita às instalações de Wolfsburg, um modelo chamou atenção: Uma plataforma de carga baseada em um chassi Volkswagen, transportadora de peças. Veículo de aço, com cabine de dois lugares atrás, e uma caçamba na frente. Observando o modelo, desenhou um retângulo sobre o chassi, invertendo a caçamba pra trás. O projeto nos anos 1940 deu origem na chamada “Typ 2”, e mais tarde chamada de Kombinationsfahrzeug, Transporter e depois T1. Atualmente está na sétima geração na Alemanha (T7).

No Brasil o T1 começou ser montado em 1953, pela Brastemp, licenciada pela Volkswagen, até a VW ser inaugurada no ABC Paulista em 1959, após longo processo de adaptação dos processos de divisão de trabalho.

Segundo Economista João Darius, houve ações políticas automotivas adotadas após anos 2010, e a Kombi, até 2013, último ano de produção, era um dos 15 carros comerciais mais vendidos no Brasil. Nessa época com medidas de segurança internacional adotadas, industrias pararam fabricação de carros inseguros. Testes de batidas realizados na terceira geração alemã, ainda nos anos 1970, tornaram-se públicos na internet, evidenciando a insegurança da Kombi.

A quarta geração (T4) veio importada em 1998, de valor inacessível em comparação com concorrentes. No mesmo ano, segundo a cientista social Ana Cardoso, a empresa passou não cumprir acordos sindicais, e estendeu o tempo de trabalho nas linhas ameaçando demitir 6500 trabalhadores, após quase falência de sociedade com a Ford. Animando vendas, decidiu fabricar a segunda geração, defasada, dos anos 1960. O Dsigner Carlos Arnt em sua pesquisa mostra possíveis usos comerciais do conceito vintage que o carro representa, fala da versatilidade do veiculo para o dia a dia, profissional, visada por empresas, poder público, devido baixo custo de manutenção, figurando roupas e acessorios.

Referencias:
ARNT, Carlos Antônio de Andrade. A volkswagen Kombi: expressão de cultura e de relações com a sociedade pela visão do design estratégico.  Dissertação de Mestrado para o Programa de Pós Graduação em Design Estratégico. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. UNISINOS.  2016.
CARDOSO, Ana Claudia Moreira. Os trabalhadores e suas vivências cotidianas: dos tempos de trabalho e de não-trabalho. Rev. bras. Ci. Soc.,  São Paulo ,  v. 25, n. 72, p. 101-177,  Feb.  2010 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092010000100008&lng=en&nrm=iso>. access on  14  Feb.  2021.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69092010000100008.
Darius, João Paulo. O impacto das políticas públicas sobre o portfólio da Volkswagen Brasil no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Trabalho de conclusão de graduação de curso de Ciencias Economicas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS. 2015.


Um grupo de empresários entre os anos 1920 e 1930 foram estimulados na Alemanha para criação de um carro do povo (volkswagen) por 1000 marcos alemães. Josef Ganz, empresário judeu, publicou e patenteou projetos de um automóvel aerodinâmico refrigerado a ar. Com ascensão do Nazismo, o seu projeto foi apropriado pelo governo, e ressignificado por Ferdinand Porsche, e assim surgiu o KDF-Wagen.

No fim da 2ª Guerra Mundial, a fábrica foi apropriada por Ingleses: transformada em empresa mundial, devido à crise do petróleo.

De acordo com o Economista João Paulo Machado: “a Volkswagen funcionava em um armazém na cidade de São Paulo, com atividades iniciadas em 1953, de onde saíram as primeiras unidades do Fusca (...) Esta unidade funcionava com apenas 12 funcionários, que montavam os automóveis com peças importadas da Alemanha. Com o sucesso que os veículos fizeram, a marca anuncia o projeto de construção de sua primeira fábrica no Brasil, em São Bernardo do Campo (SP), (...)[visando] uma base de exportação para a América do Sul. O primeiro Fusca brasileiro foi lançado em 1959, ano de inauguração oficial da 1ª fábrica da marca alemã fora de seu país. (...) Mais tarde, em 1976, foi inaugurada a segunda, (...) Taubaté, com novos investimentos em modernização de processos produtivos e capacitação de profissionais.” O produto Fusca ganhou esse nome nos anos 1970, como estratégia de marketing devido adaptação linguística do nome da marca.

Em pesquisa sobre o Fusca, Bruna Brasil Fraga relata “Até 1986 (último ano da primeira fase de fabricação) foram produzidos 3,1 milhões Fuscas no Brasil” em trabalho de conclusão de curso de comunicação social.

Aparecida Cavalcanti, Cientista Social, escreveu sobre o governo Itamar Franco, e relata que o Fusca fez parte marqueteira do Presidente na época, para o desassociarem da imagem de Fernando Collor, presidente anterior, impedido pelo congresso, que criticava a falta de tecnologia da indústria brasileira. Itamar Franco teria se embasado em argumentos para a manutenção e geração de empregos, já que o carro era de baixo-custo de manutenção, e visado por empresas e taxistas. Fabricado até 1996. Referencias nos comentários!

Referencias:
CAVALCANTI, A, A. Itamar Franco: A imagem Política nas Conotações do Fusca. In QUEIROZ, A. (org). Na Arena do Marketing Político. Ideologia e Propaganda nas Campanhas Presidenciais Brasileiras. Summus Editorial. 2006.
FRAGA, B. B. A importância dos eventos para o aumento de vendas – Caso Volkswagen de Brasília. Monografia de Conclusão do Curso de Bacharel em Comunicação Social. FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB. Ano de obtenção: 2008.
MACHADO, J. P. DOS S. Uma análise da estratégia competitiva do grupo Volkswagen no segmento de carros populares para o brasil nos anos 2000. Monografia de Conclusão do Curso de Bacharel em Ciências Econômicas. Universidade Federal de Uberlândia. Ano de obtenção: 2019.
SCHILPEROORD, Paul. A Verdadeira História do Fusca - Como Hitler Se Apropriou da Invenção de Um Gênio Judeu. São Paulo, Alaúde Editorial, 2010.


Educação ambiental com metodologias ativas, e produção textual com crianças. (Texto publicado originalmente no akairoscurso.blogspot.com)

(Texto publicado originalmente no akairoscurso.blogspot.com)   Por: Fabiano Cabral de Lima. Professor, Historiador e Mestre em Educação pela...